quinta-feira, agosto 19, 2004


Não é apenas este mar que reboa nas minhas vidraças,
mas outro, que se parece com ele
como se parecem os vultos dos sonhos dormidos.
E entre água e estrela estudo a solidão.
in Mar Absoluto, Cecília Meireles

terça-feira, agosto 10, 2004



Foi preciso uma tempestade de areias do deserto norte-africano turvar a claridade lisboeta para que, numa manhã de Julho, o sol se deixasse fotografar como se fosse a lua. Pena eu não ter uma lente como se fosse um telescópio.

terça-feira, agosto 03, 2004


194
Era uma vez uma criatura que sabia correr sobre o mar sem jamais penetrar na água. E sem ski. Quando finalmente isso foi conhecido, alguns disseram tratar-se de um milagre. Mas milagre seria se alguém conseguisse distinguir entre o saber e o delírio.
351 tisanas, Ana Hatherly

quarta-feira, julho 28, 2004


No comboio multicor sobre carris ferozes e azuis
que há mil anos dá a volta ao mundo
sou eu o homem que viaja nu porque eu sou
o arco-íris e a rosa no trapézio
in Azuliante, António José Forte


98
Era uma vez uma ilha de vidro onde tudo se tornava transparente. Os navegadores experientes evitavam essa ilha perigosa mas os inexperientes, quando a viam pela primeira vez, exclamavam olha olha. Outros não diziam nada.
351 tisanas, Ana Hatherly

sábado, julho 17, 2004


[esta imagem é de um rapaz de lisboa e foi publicada sem autorização]
figura renascentista, i. e., figura renascendo em luz inesperada.